Por Rayllanna Lima
A fila do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chegou ao maior patamar já registrado no país e tem reflexo direto na Bahia. O estado acumula 193.761 pessoas na espera por aposentadorias, auxílios, pensões e benefícios assistenciais, consolidando a 4ª maior fila do Brasil. O volume é parte de um quadro nacional que alcançou 2,862 milhões de pedidos pendentes, segundo o balanço oficial de outubro divulgado pelo Instituto.
Quase metade desse total depende de perícia médica. São cerca de 97 mil solicitações travadas nessa etapa, hoje responsável pelo principal gargalo do sistema e pela maior parte do represamento nacional. O diagnóstico do INSS revela ainda que apenas 32% da fila está sob sua governabilidade direta. Os demais 68% dependem de processos externos, como a perícia médica federal, a validação biométrica e o recálculo do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que sozinho acumula 897 mil análises paradas no país.
Em meio à pressão por respostas mais rápidas, um novo esforço para reduzir o atraso foi realizado entre os dias 23 e 23 de novembro, quando a Perícia Médica Federal realizou 11.687 atendimentos, em mutirões simultâneos em 65 cidades brasileiras. O Nordeste concentrou o maior volume: 4.727 perícias, incluindo atendimentos em Salvador e nos municípios baianos de Barreiras, Caetité, Feira de Santana, Irecê (teleperícia), Itabuna (teleperícia), Jequié, Paripiranga e Vitória da Conquista.
Juntos, esses locais ofertaram desde pequenas agendas, como em Caetité (20 atendimentos), Paripiranga (25) e Barreiras (24), até estruturas maiores, caso de Feira de Santana, que abriu 330 vagas, e Salvador, que concentrou o maior volume no estado, com 690 vagas; Irecê também teve atuação expressiva, com 300 atendimentos previstos. Itabuna somou 50 vagas, Jequié 110 e Vitória da Conquista outras 100.
Em nota, o Ministério da Previdência informou que “as perícias foram realizadas em mutirões que ocorreram em 65 cidades. A ação antecipou requerimentos em até 150 dias”. A pasta reforçou ainda o avanço da Perícia Conectada, que utiliza telemedicina.
“A Perícia Conectada amplia o acesso da população à perícia médica, especialmente em regiões com escassez de profissionais peritos, reduzindo o tempo de espera e evitando longos deslocamentos”, diz o comunicado. A modalidade, segundo o Ministério, mantém “a mesma segurança e os mesmos princípios basilares do atendimento presencial”.
Presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior também voltou a reconhecer que a área médica é responsável pela maior parte da fila. Para tentar desafogar o sistema, o governo aposta na entrada de 500 novos peritos, via concurso nacional, e na normalização do cálculo do BPC, que está prevista para ocorrer “entre o fim de novembro e dezembro”.
O balanço também mostra que a fila de pedidos por incapacidade temporária chegou a 1,324 milhão no Brasil, mas apenas 25% desse total está sob atuação direta do INSS. Na Bahia, onde esse tipo de benefício representa a maior parcela da demanda reprimida, a expectativa é que a combinação de mutirões, teleperícia e ampliação do quadro reduzam gradualmente o tempo de espera.
COMENTÁRIOS